A secretaria de Saúde de Fazenda Vilanova está preocupada com as pessoas que utilizam remédios controlados. Segundo a farmacêutica, Regiane Marques Fontana, 20% da população ingere algum tipo de medicamento cuja receita médica é indispensável. “Esse índice é muito alto, as pessoas precisam buscar outras formas de ajuda e não apenas ingerir medicação”, diz a coordenadora do Centro de Saúde, Mara Reis. Algumas das pessoas que fazem uso, nunca passaram por acompanhamento, avaliação psicológica ou psiquiatra. A equipe de Saúde observou também que as medicações estão sendo utilizadas há dez anos sem nenhuma supervisão.
Para tentar reverter o quadro, os profissionais do Centro de Saúde sentiram a necessidade de propor uma ação com o intuito de repensar e rever o consumo exagerado de medicações, assim como a cultura da renovação de receitas sem a devida análise e sem acompanhamento clínico e psicoterapêutico adequado. “Objetivando criar uma mudança cultural de prevenção, de qualidade de vida e de saúde pensamos em refazer a ideia da clínica, mudando a prevalência da doença para a clínica da saúde. Para tanto, serão criados grupos para análise de terapia medicamentosa com equipe multidisciplinar como médicos, psicólogo, enfermeiras, farmacêutica. Pensamos em fazer grupos para sensibilizar as pessoas de quando há realmente necessidade de usar medicamentos”, conta Regiane observando que antidepressivos e calmantes têm muita saída na farmácia do município.
A fluoxetina (medicamento antidepressivo) é disparada o produto que mais sai da prateleira. Regiane acredita que nem todos que a utilizam, necessitam do remédio. Há tristezas que são comuns. “Muitas vezes as pessoas começam a tomar medicação sem tentar esperar até que a tristeza passe.”
O número de pacientes que usa medicamentos em Fazenda Vilanova cresce. São remédios de todo o tipo: para dormir, transtorno bipolar, depressão. A faixa etária de quem utiliza também é variada. “Não são só pessoas mais velhas, temos pacientes de todas as idades”, revela Regiane. O desafio agora é racionalizar o uso. “Sentimos a necessidade de as pessoas buscarem outras formas de auxílio.” Nesse sentido, os profissionais da unidade sanitária podem ajudar. O Centro de Saúde oferece grupos de saúde mental, de mulheres e de homens, onde as pessoas conversam sobre seus problemas. Há também uma psicóloga que faz acompanhamento dos pacientes. “Há vários profissionais que dão respaldo à saúde da população. O município está bem amparado neste sentido”, ressalta a coordenadora Mara Reis.
Receitas
Os medicamentos de uso controlado precisam de receita médica. O médico é quem a passa. Contudo, ele não tem como fazer uma avaliação psicológica do paciente. “O médico tenta ajudar, mas as pessoas não estão dispostas a isso, elas querem medicamento porque acreditam ser uma forma mais rápida de sanar o problema”, diz Mara Reis. Muitas vezes, uma mudança de hábito faria diferença. Por exemplo, uma pessoa com insônia, acostumada ao uso de calmantes, deve evitar café preto à noite. “Às vezes o simples fato de trocar o café por um chá de maracujá ou a reformulação de hábitos vai fazer diferença na qualidade do sono.”
Daí, a importância do grupo que será formado: para os pacientes conhecerem melhor o seu problema de saúde, a medicação e os efeitos benéficos e as reações adversas e também de que outras formas eles podem se ajudar no tratamento sem depender só do remédio.
Grupo
O grupo ocorrerá a cada 15 dias com uma hora de duração e terá a participação de psicóloga, farmacêutica, enfermeiras, médicos e educadora social. Serão formadas turmas de 15 a 20 pacientes. “Será um espaço onde as pessoas serão ouvidas e receberão as devidas orientações e serão encaminhadas para o necessário atendimento”, diz Tatiana Wiethölter, coordenadora do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf).
Ela salienta que o intuito é criar uma mobilização da população no sentido de repensar o consumo exagerado de medicações e rever a ideia de que o remédio é mágico e de que existe “uma pílula que dá felicidade e serve para acalmar todas as dores e aliviar as frustrações”, resolvendo os problemas humanos. O grupo será realizado nas sextas-feiras, das 17h30 min às 18h30 min a cada 15 dias na unidade sanitária.
A pílula da felicidade
Na Semana Municipal de Saúde Mental, Fazenda Vilanova promove o encontro “A pílula da felicidade”. Será no dia 17 de maio, às 16h no auditório da prefeitura. A intenção é motivar a população para conversar sobre medicação. A reunião contará com participação do médico, enfermeira, farmacêutica e psicóloga.
Texto: Portal Região dos Vales/Ascom Fazenda Vilanova